- English
- Português
Criado por Admin Propp em ter, 11/08/2020 - 15:26
Caroline Teixeira Alves do Nascimento, discente do Programa de Pós Graduação em Educação pela Universidade Federal de Ouro Preto, defendeu sua dissertação, intitulada Minas auríferas em Ouro Preto e a Educação das Relações Étnico-Raciais” financiado pela CAPES, CNPQ e FAPEMIG, nos últimos dias. A proposta da pesquisa, em acordo com caroline Teixeira, foi investigar antigas minas de produção aurífera na cidade de Ouro Preto e de que forma ocorrem as relações patrimoniais juntamente com a educação das relações étnico-raciais. Sabe-se que a cidade possui diversas minas antigas, presentes em quintais de casas particulares e são abertas para visitação turística pelos próprios moradores, sendo as mais conhecidas e objeto dessa pesquisa a Mina do Chico Rei e Mina Du Veloso.
A Mina do Chico Rei foi inaugurada no ano de 1702 e teve como primeiro proprietário o Major Augusto. Conta-se que a mina foi vendida anos mais tarde a mina foi vendida para um africano alforriado chamado Chico Rei - que além da mina também compra a liberdade de diversos outros africanos escravizados. Atualmente o responsável pela mina é Antônio Alcântara Ferreira Lima, conhecido como “Toninho”. Quanto a Mina Du Veloso, seu primeiro dono foi o coronel José Veloso do Carmo, que se beneficiou da mão de obra escravizada para produção aurífera entre 1761-1819. Atualmente a mina está com o segundo dono chamado Eduardo Evangelista, conhecido por todos de “Du”. Dessa forma, o trabalho propôs avaliar como esses espaços estão sendo utilizados na propagação da cultura africana e afro-brasileira e na valorização do povo negro e sua atuação na formação do Brasil, com ênfase no período do ciclo do ouro na antiga Vila Rica.
Para compreender o processo de mineração africana, Caroline sugere abordar a produção aurífera no Brasil Colônia, e também a mineração que ocorria em África durante o período que demarca o comércio do tráfico transatlântico de escravizados. "Para a composição do levantamento histórico sobre a mina do Chico Rei utilizou-se trabalhos de Santos (2019) e Silva (2007). Enquanto textos de Ferreira (2017); Sobreira (2014) foram fundamentais para as discussões acerca da Mina Du Veloso e o que se sabe sobre o trabalho africano nesses espaços."
"Para analisar como se dão as relações culturais e sociais entre estes espaços de patrimônio da mineração e a comunidade ouro-pretana e para elucidar os principais desafios e vantagens enfrentados pelos guardiões das Minas na afirmação do protagonismo do negro na formação histórica de nosso país; na busca de compreender como esses espaços patrimoniais ricos em cultura africana contribuem na difusão da educação das relações étnico-raciais." Acrescenta Caroline. A abordagem qualitativa foi a escolhida pela autora, visto que entrevistas com os sujeitos guardiões dos espaços e as observações de campo realizados, foram determinantes nos resultados da pesquisa. Ao fim, de acordo com a pesquisadora, conclui-se que que esses espaços patrimoniais assumiram ao longo dos anos um papel importante na difusão do conhecimento da história dos africanos no Brasil durante o ciclo do ouro e na ressignificação da imagem no povo negro na sociedade brasileira.