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RESISTÊNCIAS DE COMÉRCIO, PRODUTO E CAPITAL: OS EFEITOS DAS IMPORTAÇÕES DE BENS DE CAPITAL NO BRASIL E NAS ECONOMIAS MUNDIAIS

Portuguese, Brazil

Dentre as dissertações avaliadas no decorrer das últimas semanas, destacamos a apresentação de Anselmo de Carvalho Oliveira, aluno do curso de Pós-Graduação em Economia Aplicada, pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). O trabalho intitulado “Resistências de comércio, produto e capital: os efeitos das importações de bens de capital no Brasil e nas economias mundiais” foi orientado pelo Prof. Dr. Héder Carlos de Oliveira - UFOP e financiado pela CAPES, CNPQ E FAPEMIG. Para explanar sua pesquisa, Anselmo Oliveira inicia dizendo que as atividades setoriais que se vinculam à formação bruta de capital físico são reconhecidamente estratégicas para qualquer economia, pois ao contribuir para a expansão da capacidade produtiva e alterar a quantidade de capital físico por trabalhador, elas podem gerar difusão tecnológica, ganhos de produtividade e crescimento econômico. Não obstante, a oferta dos bens produzidos pela indústria de bens de capital é insuficiente para atender o nível de absorção das demais atividades produtivas na economia brasileira. Em geral, essa característica estrutural se associa aos países onde o desenvolvimento da indústria de capital foi retardatário com tecnologias atrasadas. As importações podem complementar a oferta da indústria nacional, mas também podem estimular a difusão e internalização de tecnologias mais avançadas entre os setores domésticos.

A partir dessas afirmativas, indica-se os rumos da pesquisa. O trabalho buscou avaliar os efeitos das importações de bens de capital, entre os anos 2008 e 2016, e como isso afetou o crescimento econômico do Brasil e de um conjunto de países. “O foco da análise reside especialmente na resistência ao comércio e na acumulação de capital, uma vez que, por hipótese, as resistências ou custos de transação reduzem os fluxos comerciais com efeitos negativos sobre a acumulação de capital e o crescimento econômico. Para acomodar o objetivo principal desta dissertação, foram estimadas equações gravitacionais pelo método Poisson-Pseudo Maximum Likelihood (PPML).” Acrescenta Anselmo Carvalho. Foram considerados efeitos fixos para países-setor-ano, que absorvem as resistências multilaterais, as quais envolvem 3 Estados ou mais, e para pares de países com o propósito de controlar as resistências bilaterais não observáveis. Os resultados conclusivos indicam que as resistências bilaterais ao comércio, tais como as barreiras geográficas, barreiras político-administrativas e barreiras culturais, de acordo com as estatísticas, foram significativas e apresentaram os sinais esperados, conforme registrado também em outros trabalhos da literatura aplicada. O pesquisador sintetiza os resultados da seguinte forma: “Em média, um aumento de 10% nas tarifas de importação reduziria as importações mundiais e brasileiras em até 0.104% e 3.91%, respectivamente. O Brasil possui o sexto maior custo bilateral médio para as importações, o que aumenta os gastos das empresas nacionais para terem acesso aos bens necessários para a sua produção; e o décimo terceiro maior custo para as suas exportações de bens de capital, cujas consequências são o encarecimento dos seus produtos de exportação para o consumidor final no país importador reduzindo a sua capacidade de inserção nesses mercados. Os resultados da função de produção mostraram que a participação do trabalho na produção foi maior relativamente do que a do capital, o que indica um custo relativo do capital mais alto do que o do trabalho.”

A resistência multilateral externa ao comércio indicam que os custos de transação afetaram negativamente os preços aos produtores, com isso o resultado da pesquisa demonstra uma possível vantagem em se desenvolver políticas comerciais engajadas em promover a exposição dos produtores ao mercado internacional, visto que podem fomentar o aumento da produtividade de determinados produtos. “Esse resultado sinaliza que políticas de abertura comercial, ao reduzirem o custo relativo do investimento, aumentam o estoque de bens de capital. Portanto, os países, principalmente os não desenvolvidos, têm muito a ganhar ao promoverem reformas que reduzam essas resistências e incentivem as importações desses bens.” Conclui Anselmo Carvalho.

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